terça-feira, 5 de outubro de 2010

Serra Dilma agora aos pés de Marina




"O prazo de 15 dias estipulado por Marina Silva (PV) para definir se seu apoio, que será tirado em convenção partidária, recairá sobre o PSDB ou o PT no segundo turno aflige o comando das duas campanhas. Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) já procuraram Marina e se colocaram à disposição, caso ela deseje conversar sobre os termos de uma aliança. Enquanto isto, tucanos e petistas contam com a provável neutralidade da ex-ministra do Meio-Ambiente do governo Lula e já se ocupam em como cravar um acordo com as lideranças estaduais do "partido de Marina".
Luciano Zica, ex-petista - assim como Marina - e um dos coordenadores da campanha presidencial do PV, revela que "a tendência do grupo próximo a Marina é manter a neutralidade". Segundo Zica, em caso de neutralidade dela, "o apoio do PV nacional é irrelevante". E completa: "sem o apoio formal dela a qualquer uma das candidaturas, quem quiser apoiar Serra ou Dilma que vá atrás das negociações". A neutralidade também pode ser garantida pelas diferenças ainda existentes entre o núcleo de ex-petistas que chegou ao PV e o núcleo orgânico do partido.
Nesta segunda-feira (4), Marina afirmou que o estatuto verde permite que os grupos minoritários da convenção não tenham que se dobrar à decisão da maioria, desde que não a desmereçam em público. Isso deixa as portas abertas para que ela se retire da cena caso sua legenda opte por apoiar uma ou outra candidatura.
O presidente estadual do partido em São Paulo, Maurício Brusadin, também defende uma posição de independência no processo. "Não vejo razão para apoiarmos nenhum candidato. Passamos a campanha inteira dizendo que eles (Dilma e Serra) são iguais. O que justifica apoiar a um e não ao outro? Seria um contrasenso".
Essa parte da cúpula do PV teme que a junção da imagem de Marina com o PT ou o PSDB a faça perder apoio de significativa parcela de seu recém-conquistado eleitorado. No primeiro caso, a senadora teria de admitir um retorno amargo a um projeto que abandonou há pouco menos de dois anos, quando deixou o Ministério do Meio-Ambiente. No segundo caso, o temor é por atrelar Marina a uma candidatura que deve sair derrotada das eleições.
Estratégia A campanha de Serra enxerga a situação da mesma forma que o PV e tentará costurar a parceria PSDB-PV nos Estados, adotando a mesma estratégia usada com o PP, que também optou pela neutralidade da Executiva nacional do partido.
De olho no eleitorado que abandonou Dilma e migrou para Marina, os serristas estudam formas de convencer essa parcela, que evitou o tucano, a votar no candidato do PSDB. Os tucanos já agendaram uma reunião para a próxima quarta-feira para tratar, dentre outros assuntos, da "operação verde".
O PT, por sua vez, admite que os tucanos já têm apoio, mesmo que informal, em Minas, Rio e São Paulo e pretende aproximar as bases de Marina aos seus governadores já eleitos. As lideranças petistas sequer cogitam o apoio formal do PV. Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara dos Deputados, acredita que Serra "não pode capitalizar esses votos (de Marina)". O parlamentar aposta numa suposta "simpatia" do eleitorado verde pelo PT. Segundo ele, Marina defendeu o voto feminino e isto favorece a petista.
De acordo pesquisa Datafolha divulgada em 30 de setembro, 51% dos eleitores de Marina votariam em Serra no segundo turno. A petista levaria o apoio de 31% dos 'marineiros'. Outros 15% dizem que votariam em branco ou anulariam o voto. E apenas 3% disseram não saber o que fazer.
Os partidos trabalham com a avaliação de que Marina é maior do que o PV, portanto, entendem que haverá uma reduzida transferência de votos caso ela não declare apoio a um ou outro candidato publicamente.
Integrantes da campanha verde afirmam que a tendência é o partido liberar suas bases para apoiarem quem quiser. Ainda segundo Zica, "já era resolução anterior às eleições que, caso o PV não estivesse no segundo turno, o pessoal estaria liberado para apoiar quem desejasse". No entanto, admitem que um eventual acordo com o PSDB passaria pela aceitação da agenda política proposta pelos verdes.
Tanto líderes do PSDB quanto do PV descartam uma negociação de cargos com Marina, num eventual governo Serra, já que a ex-ministra pretende disputar a Presidência em 2014. Resta aos tucanos traçar um mapa por onde possam recolher apoio dos órfãos de Marina.
Os coordenadores da campanha dilmista, José Eduardo Dutra (presidente do PT), e José Eduardo Cardozo, se reuniram nesta segunda e trataram do assunto. O PT ainda considera ser possível convencer a verde a declarar voto à candidata governista. Jaques Wagner, muito próximo a Marina, e Lula devem ligar para ela nos próximos dias. Aloizio Mercadante se disponibilizou já nesta segunda a ser o interlocutor do partido com Marina. "O coração dela sempre bateu do lado esquerdo", afirmou o senador petista."
                                                                                             fonte retirada: Terra

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