Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância é para homem Tata Nkisi (tata de inquinces) e para mulher Mametu Nkisi (Mametu de inquices), que correspondem ao Babalorixá e a Yalorixá dos Yorubás, e o Deus supremo é Zambi (Nzambi) ou Zambiapongo (Ndala Karitanga).
O Candomblé de Caboclo é uma modalidade desta nação, e cultua os antepassados indígenas. Há uma nação que faz parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola, que é a Cabinda.
Os rituais da nação Angola começam com o Massangá, que é o batismo na cabeça do iniciado, feito com água doce e Obi; Bori com sacrifício de animais para o uso do sangue (menga); ritual de raspagem, conhecido como feitura de santo; ritual de obrigação de 1 ano; ritual de obrigação de 3 anos, onde muda o grau de iniciação; ritual de obrigação de 5 anos, com o uso de frutas, obrigação de 7 anos, quando o iniciado recebe seu cargo, é elevado ao grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu Nkisi (zeladora). Após 7 anos de obrigações, será renovado a cada ano com o rito de Obi ou Bori, conforme o caso, e de 7 em 7 anos se repete as obrigações para conservar o individuo forte, se transformando em Kukala Ni Nguzu , que quer dizer um ser forte. Além dos búzios, outro sistema antigo de consulta é o Ngombo, no qual o adivinhador recebe o nome de Kambuna.
Os principais Nkisi são:
Aluvaiá (também conhecido como: Nkuyu Nfinda, Tata Nfinda, Tona e Cubango),Bombo Njila(Bombojira), Vangira(feminino), Pambu Njila, Pambuguera; Nkisi Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe, Burê; Nkisi Kabila, Mutalambô, Gongobila, Lambaranguange; Nkise Katendê; Nkisi Zaze (Nsasi, Mukiamamuilo, Kibuco, Kiassubangango) Loango; Nkisi Kaviungo ou Kavungo, Kafungê; Nkise Angorô e Angoroméa; Nkisi Kitembo ou Tempo; Nkisi Tere-Kompenso; Nkisi Matamba, Bamburussenda, Nunvurucemavula; Nikisi Kisimbi, Samba; Nkisi Kaitumbá, Mikaiá; Nkisi Zumbarandá; Nkise Wunge; Nkisi Lembá Dilê, Lembarenganga, jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda; Nkisi Nwunji, Nkisi Kaitumbá, Mikaiá, Kukueto; Nkisi Ndanda Lunda; Nkisi Kaiangu; Kariepembe, Pungu Wanga; Kobayende; Pungu Kasimba; Nkita Kiamasa; Nkita Kuna; Lukankazi, Luganbe, Nzambi Bilongo; Mutalambô, Katalombô, Gunza, Nkuyo Watariamba;
Os cargos e divisão do poder espiritual são:
Mam’etu ria Mukixi - Sacerdotisa chefe (Angola)
Nengua ia Nkisi - Sacerdotisa chefe (Congo)
Tat’etu ria Mukixi - Sacerdote chefe (Angola)
Dise ia Nkisi - Sacerdote chefe (Congo)
Tata Kivonda - Pai sacrificador de animais (Congo)
Kambodu Pokó - Sacrificador de animais (Angola)
Muxikiangoma - Tocador de atabaque
Njimbidi - Cantador (Angola)
Ntodi - Cantador (Congo)
O TERREIRO DO BATE FOLHA – A CASA DE BAMBURUCEMA – Uma raiz angolana autêntica
Situado na Travessa São Jorge, nº 65 E, no Bairro da Mata Escura, Salvador, Bahia, o TERREIRO DO BATE FOLHA ocupa, atualmente, uma área de 14,8 hectares , onde se preserva significativa mancha florestal: encerra um dos mais significativos remanescentes da mata atlântica na capital baiana. Com o nome registrado Sociedade Beneficente Santa Bárbara, uma sociedade civil sem fins lucrativos que representa a
comunidade de culto do TERREIRO DO BATE FOLHA. Legalmente instituída, fundada em 04 de dezembro de 19 20, com sede à Travessa São Jorge 65-E, Fazenda Bate-Folha, Mata Escura do Retiro (CEP 41.219-750), em Salvador, Bahia, a SOCIEDADE BENEFICENTE SANTA BÁRBARA.
Categorizado como templo religioso, o sítio do BATE FOLHA faz jus à imunidade em relação a impostos municipais, nos termos do Decreto n º 6666 de 08 de setembro de 1982 da Prefeitura Municipal do Salvador.
O TERREIRO DO BATE FOLHA tem registro na Federação Baiana do Culto Afro- Brasileiro como candomblé da nação Angola Muxicongo. Consta deste registro que o referido templo foi fundado em 1916, por Manoel Bernardino da Paixão, sacerdote portador da dijina Ampumandezu, e que seu atual dirigente, Eduarlindo Crispiniano de Sousa, dijina Molundurê, >recebeu a carteira do Conselho Sacerdotal da FEBACAB como Tateto Nikisi (Pai-de-Santo, pontífice do candomblé) em 25 de janeiro de 2000 .
Hoje existe firme consenso entre os estudiosos quanto à importância decisiva da contribuição dos candomblés de tradição congo-angola para a formação da religiosidade afro-brasileira e se reconhece o vigor da sua influência positiva na geração de riquezas culturais do Brasil. Em especial, não há como negar o valor do contributo da mística do TERREIRO DO BATE FOLHA para a formação de uma cultura religiosa de fonte negra hoje difundida por todo o nosso país.
De acordo com os dados etnográficos, os documentos disponíveis e os registros da história oral, o Venerável MANOEL BERNARDINO DA PAIXÃO, Ampumandezu, foi iniciado por uma Nengua Inquiciane (sacerdotisa suprema do culto dos Inquices, isto é, das divindades celebradas na tradição banto): a matriarca da nação angola da Bahia, que se celebrizou com o nome carinhoso de Maria Nenen; no entanto, também há relatos, conservados no próprio templo do Bate-Folha, segundo os quais um africano oriundo do Congo, Manoel Nkosi, foi seu iniciador. Ampumandenzu implantou o Terreiro MANSU BANDUN, celebrando os ritos de fundação em 1916, e o regeu até sua morte, ocorrida no ano de 1946. Foi sucedido pelo Venerável Tata Bandanguame, de nome civil Antônio José da Silva, que assumiu o cargo após um interregno de três anos (em 1949) e pontificou no Bate-Folha até seu falecimento, ocorrido no ano de 1965. Seu substituto, o Venerável Dijinenuanga, Pedro Ferreira, faleceu precocemente em 1970, sem ter exercido o papel de iniciador; nesse mesmo ano de 1970 foi empossado seu sucessor, o Venerável Nebanji, João José da Silva, mais conhecido pela sua alcunha de Joca; seu substituto é o atual Tata Nkisi Molundurê, o Venerável Eduarlindo Crispiniano de Sousa. No TERREIRO DO BATE FOLHA, o posto mais elevado (Tata Nkiss, var. Tata de Inquice) deve sempre ser ocupado por um iniciado do sexo masculino, em princípio um filho-de-santo sujeito ao transe. A regra do gênero é dominante e sobrepõe-se ao segundo requisito, como presentemente se verifica: o Venerável Tata Molundurê ascendeu ao cargo mesmo pertencendo a uma categoria de sacerdotes que não sofrem transe, pois iniciou-se na qualidade de xicarangomo. Por isso mesmo, só pode exercer o seu pontificado com o apoio de uma iniciada senior em que se manifesta um inquice (ou seja, que é suscetível de transe e entusiasmo): a Venerável Guanguassense. A área do TERREIRO DO BATE FOLHA acha-se marcada, como se viu, por referências simbólicas que a tornam ponto de apoio para uma identificação étnico-religiosa. A reiteração de liturgias cíclicas em torno aos monumentos do TERREIRO DO BATE FOLHA assinalam-no como um autêntico templo. Explicita esta sua categorização a sua dedicação a uma divindade: o Inquice BAMBURUCEMA, a que se consagrou o Venerável fundador, em sua iniciação. O angola que se emprega em terreiros do Brasil sofreu o impacto de diferentes falares africanos que aqui o “contaminaram”, e, claro está, a influência do ambiente lusófono. Funciona como um código religioso e um marcador de identidade. Seu emprego gera textos litúrgicos que também podem ser considerados monumentos (Serra, 1991).
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