segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Comunidade Caxuté celebra a Festa da Maionga
Por: Dr. Paulo Sérgio de Proença *
O
Terreiro Caxuté, Kunzo Nkisi Caxuté
Kitembo Mvila, é um espaço religioso de matriz africana, localizado no
distrito de Maricoabo, município de Valença, na Costa do Dendê, estado da
Bahia. Foi fundado em 1994 pela sacerdotisa afro Maria Balbina dos Santos,
a Mãe Bárbara (mameet´u Kafurêngá).
Destacando-se
no esforço de perpetuar a herança ancestral afro-brasileira, busca preservar e
ressignificar suas práticas litúrgicas. Como representante do Candomblé angola,
utiliza-se de linguagem do tronco linguístico bantu.
Foto: Richard Mas - Mãe Bárbara reverência sua sacerdotisa, Mãe Elvira de Obaluàyié. |
A
Comunidade Caxuté oferece também um espaço de educação não formal: a Primeira
Escola de Religião e Cultura de Matriz Africana do Baixo Sul da Bahia - Escola
Caxuté. Para sua representação jurídica constitui-se, também, em associação
filantrópica, a Associação Religiosa e Cultural Terreiro Caxuté Tempo Marvila
Senzala do Dendê.
Com
a finalidade de integrar-se a diversos segmentos da sociedade o Terreiro Caxuté
promove vivências.
A
"Primeira Vivência Estadual, vivenciando a Comunidade Terreiro
Caxuté" aconteceu em agosto de 2010; foi a primeira experiência em nível
estadual, no Encontro de Educadores e Lideranças Quilombolas.
A
"Segunda Vivência Nacional Vivenciando a Comunidade Caxuté" foi
realizada em 2012 em parceria com diversas universidades federais e estaduais
do Brasil, promovida pelo Congresso Nacional de Estudantes de Agronomia -
CONEA.
Já a última foi a “Primeira Vivência Internacional”,
com a participação de estudantes e professores da Unilab - Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, no Terreiro Caxuté, em 09
e 10 de agosto de 2014. Nesse evento, com uma programação voltada para encontros com convidados especiais, mostra de
vídeos, exposição fotográfica e oferta de iguarias da culinária afro-baiana,
o Terreiro Caxuté comemorou duas décadas de existência. Nessa ocasião,
foi possível integrar o ritual sagrado a uma roda de conversa com docentes e
discentes da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
Afro-brasileira – Unilab, campus dos Malês. Em roda de conversa com a
sacerdotisa afro Mãe Bárbara, adeptos do Candomblé, intelectuais e
simpatizantes puderam saber um pouco mais sobre Ancestralidade, Memória,
Educação e Resistencia do Candomblé Angola Bantu - Terreiro Caxuté. Na ocasião,
houve uma inspiradora exposição fotográfica intitulada “Nos corredores da fé:
na intimidade da Comunidade Terreiro Caxuté,” autoria do fotógrafo francês
Richard Mas.
Depoimentos
A minha participação na festa do Terreiro foi ótima. O ambiente era de harmonia, convivência, amor e reconhecimento dos valores das crenças tradicionais africanas. O preconceito que muitas pessoas têm sobre esta religião, o Candomblé, não tem relação direta com as práticas que vi e vivi durante a minha experiência na Festa de Maionga; é uma festa sagrada que valoriza as crenças tradicionais africanas e reconhece as raízes dos ancestrais. O que me marcou foi flexibilidade, a simpatia, a vontade incansável da lutadora Mãe Bárbara, que conseguiu reunir todos os participantes num ambiente muito agradável. Não tem melhor e nem pior religião no mundo. A fé determina a pessoa na sua escolha.
(Leonel Vicente Mendes - Guiné-Bissau – graduando em Humanidades da Unilab)
A minha experiência durante a “Festa da Maionga” é que o Candomblé não é assim como as pessoas falam e pensam que é uma religião do mal. Não é verdade, pois o que eu observei ao momento do culto são coisas normais. O que mais me encantou foi a Mãe Bárbara, uma mãe 100% acolhedora, honesta, simpática, e enfim uma mãe com coração puro, cheio de amor, que acolhe qualquer pessoa independente de sua religião...
(Luís Fernandes Júnior - Guiné-Bissau – graduando em Humanidades da Unilab)
Participar da Festa da Maionga, nos dias 9 e 10 de agosto deste ano, foi uma experiência singular. Pude conhecer uma comunidade que professa o Candomblé, pela primeira vez. A tradição religiosa a que pertenço (presbiterianismo) não vê com bons olhos as religiões africanas: no meio evangélico-protestante há forte tendência à demonização dessas manifestações. Experimentei uma convivência respeitosa e fraterna e pude testemunhar a força dos elos étnico-comunitários que alimentam sonhos e ideais da Comunidade Caxuté, que resiste, com vigor, aos preconceitos que os descendentes africanos sofrem, no Brasil.
(Dr. Paulo Sérgio de Proença — professor da Unilab)
* Dr. Paulo Sérgio de Proença é pastor presbiteriano, tem mestrado em Ciências da Religião
(Universidade Metodista de São Paulo-1999) e em Educação (Universidade de São
Paulo-2005); doutorado em Letras (Universidade de São Paulo-2011); Professor
da Unilab -
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.
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