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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Histórias que o Tempo contou e o vento levou...

Por: Adriano Pereira 


Ele já havia aprendido com Tempo que não adiantava EXUltar,OGUMniar, EsPARREI-MAR, OYÁ... Oxalá tudo soubesse, Tempo era rei e nada continha no seu lugar.

Urubu cevava de longe Amoreira, ainda verde, esparramando seus galhos sem poda e frutos verdes, estendidos à mão. Carecia esperar a maturação e estourá-las-ia, gostosas, em sua boca. Pica-pau batia no pau velho, que ainda respondia.

Não era seca. A terra era alagada. Água brotava para ensinar-lhe a não represar nada. Era juntar os fios e canalizar.

Borboletas lembravam-lhe a leveza, além da metamorfose. Aprendera a gostar de toda espécie de vivente, inseto, bicho, hum-mano... E no momento em que MARIa POuSAva, ficava apreensivo. Cismava. Entendia o sinal e esperava que ela se fosse.

Não acreditava em esperança. Sabia que elas morriam no dia seguinte. Mana tinha medo delas. Matava, pra não morrer de medo. Ele nunca esquecia quando ela segredou-lhe que havia escaldado na água fervente, uma, dia desses. Horrorizava-o a crueldade. “Medo é medo!” – repetia ela e ele sabia o que era hum-mana com medo. Quem era ele para julgar?

O vento soprava-lhe histórias no ouvido. Há muito aprendera suas canções. Era harmônico. Compassado pelo grilo, acompanhado por tuiuiús, trinados, gorjeios, bem-te-vis, besouros... beija-flor segredava-lhe contos embebidos com mel. Sulcava a terra com ferros e água escorria. Na lama de Oxum, moldava sonhos, tecidos de todas as cores.

Ainda era criança e tempo havia de lhe ensinar tudo. Sol brilhava e morria para renascer todo dia. E as estrelas, juntas, em constelação, iluminavam a noite escura.




Adriano Pereira, em peça teatral.



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