domingo, 27 de setembro de 2015
Carta à Organização das Nações Unidas pelo Combate da Violência Religiosa
Bandagira (licença) aos meus mais velhos e mais novos, para me expressar perante à ONU
Eu, Heráclito dos Santos Barbosa, jovem negro, membro da Comunidade de Matriz Africana Terreiro Caxuté, conhecido no Candomblé baiano com o nome religioso de Táta Luangomina, vítima de violência institucional praticada no Fórum Odilon Santos, em Santo Amaro da Purificação, venho juntamente com os/as jovens de Terreiros do Estado da Bahia, escrever o presente documento à Organização das Nações Unidas – ONU.
A religiosidade de matriz africana no Brasil cada vez
mais se manifesta contra a violência religiosa, que prefiro não chama-la de
intolerância religiosa, ainda mais que através do processo de educação estamos
apenas reconhecendo e tentando contribuir para o Combate ao Racismo e Violência
Religiosa que foi instalada pelo cristianismo-perverso muito antes do processo
de escravização dos nossos antepassados negro-africanos.
Gostaria de afirmar que milhões de
seres humanos foram vítimas do processo de colonização do Brasil. Dá África à
América o sangue do meu povo foi jorrado pelos tumbeiros e maculado pelas mãos
"brancas” nas terras brasileiras. O Brasil possui uma dívida irreparável
que dinheiro algum jamais apagará e pagará as marcas que estão cravadas em
nosso solo, corpos, mentes e na alma negra.
Como jovem negro, com 21 anos,
sacerdote do Candomblé, educador afro da Primeira Escola de Religião de Matriz
Africana do Baixo Sul da Bahia – Escola Caxuté -, venho solicitar apoio
internacional, por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), para denunciar
e combater os casos de violência religiosa em meu país. Não suportamos mais os
taques promovidos por praticantes de outras religiões e pelos próprios
representantes do judiciário e pelo próprio estado brasileiro que infelizmente
tem fomentado o genocídio do povo negro, o que prefiro chamar de matança da
juventude negra, principalmente.
Pedimos ajuda para praticarmos e preservarmos as
tradições de matrizes africanas no Brasil.
Todos os dias estamos tendo notícias de casos de racismo e violência
religiosa em nossa nação. Não é isso que nós queremos enquanto povo
negro-brasileiro dos espaços de religiões de matrizes africanas! Queremos mais
educação para as relações étnicas raciais, para convivermos com as diversas
práticas religiosas e não religiosas.
Clamamos por dia em que o poder não vencerá a justiça. Não queremos que
a violência religiosa vença, jamais, à PAZ internacional.
No aguardo de medidas eficazes, aguardamos o
pronunciamento e expressão da ONU para atuar no Combate à Violência Religiosa
no Brasil e no planeta terra.
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- Valença, Bahia, Brazil
- Espaço de promoção e divulgação da Cultura e religiosidade Afro-brasileira.
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